Pivetes da Favela do Gato

                                   Pivetes da Favela do Gato.

 

Pivetes da favela do gato, do morro Deus nos acuda, eram um verdadeiro terror. Por onde os pestes passavam iam apavorando pessoas. Os pivetes eram de extinto ruim, perversos, praticavam as maiores crueldades com pessoas. A vida para os pivetes  demoníacos era banal. Quatro deles que pertenceram ao bando foram mortos pela polícia no episódio da Candelária, que tão cedo não será esquecido. Familiares dos pivetes juram que eles eram inocentes, foi armação da polícia. A esta altura, fica o dito pelo não dito, os pivetes aprontavam, mas eram coisas de moleque sem noção. Sarará era o chefe do bando de pivete, comandava os moleques com mão de ferro, ninguém podia dá mole, principalmente para a polícia. Os pivetes com arma na mão eram quem mandavam na bagaça. Quando eles desciam o morro, pisando no asfalto era um deus nos acuda, os pivetes botavam pra quebrar, era de arrastão a saidinhas de banco, estavam para o tudo ou nada, a vida era o momento. A favela do gato a boca era quente, o morro deus nos acuda, muito mal afamado, o própria polícia evitava de subir o morro. Lá o bicho pegava feio, era tiros pra todo lado, sempre tinha mortes de três a quatro presuntos diariamente para o camburão recolher. Os moradores da favela viviam o mundo cão, onde a lei era a bala, os pivetes partiam pro tudo ou nada. No morro deus nos acuda, a disputa pelo poder era acirrada. Até que a polícia preparou uma emboscada fuzilando o bando inteiro. Como se isso adiantasse muito, na semana seguinte já tinha novas lideranças no pedaço comandando novos bandos. Dizem que o crime não compensa, mas não pra esse tipo de gente, parece que crime não tem fim.

 

Crônica de: José Maria Lopes Silva