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Crianças Que Corriam Atrás de Tanajuras.


 
       Crianças Que Corriam Atrás de Tanajuras.
 
Era um tempo de guerra, a segunda guerra mundial trouxe grande infelicidade para o mundo, afligindo a humanidade. Para as crianças, inocentes e puras, era tempo da infância, da vida elas nada sabiam, elas apenas brincavam muito e se divertiam bastante. As crianças corriam com grande algazarra com os olhos voltados para os céus torcendo para que caíssem as formigas de asas, as tais tanajuras. Bendita infância, onde as crianças corriam alegremente. Cada criança trazia nas mãos uma pequena bacia de alumínio, a qual servia para colher as tanajuras. As crianças corriam de um lado para outro com grande algazarra. As crianças aos gritos cantavam: - cai cai tanajura, cai cai... Era inacreditável ver as formigas de asas caírem ao chão em profusão e como por encanto, isso para o espanto das pessoas adultas. Como era possível tamanha façanha?... Aquelas crianças eram o cão, todas traquinas, e terríveis. As crianças corriam sorridentes, alegres e felizes da vida. Elas pegavam as tanajuras e as colocavam nas pequenas bacias de alumínio. Via-se naquelas crianças todo contentamento pelo grande feito obtido, digno de grande comemoração. As pequenas bacias de alumínio ficavam repletas de formigas de asas, as tais tanajuras. As próprias crianças encarregavam-se de arrancar as asas das formigas voadoras, que eram muito bem lavadas e posteriormente eram jogadas em uma frigideira com óleo, adicionava sal e já estava pronta as tanajuras fritas, as crianças se deliciavam com o prato exótico. As crianças extrapolavam no cardápio comendo tanajura com farinha de macaxeira. Para as crianças era uma felicidade só. Embora aquelas crianças em condições precárias, próprio da pobreza do povo pernambucano. A pobreza era tamanha, vez ou outra as crianças tinham a oportunidade, diga-se por sorte, de comerem um calango, ou um preá na brasa, sempre acompanhado de farinha de macaxeira em pequenas porções. As crianças até sonhavam, faziam boca boa, depois se davam por felizes ao lamber os beiços. Não era válido passar fome, as crianças do nordeste aprendiam muito cedo a lei da sobrevivência.
 
Crônica de: José Maria Lopes Silva.
Texto extraído do livro do autor Um Lugar ao Sol, narrativa da infância e adolescência, retratando a pobreza dos nordestinos.

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