Ao Cair da Noite a Prece da Ave Maria.
Tempo, tempo de mudanças, os tempos são outros, o passado ficou para trás definitivamente. Dalmir Salatiel da Silva, conhecido como carioca, era crítico contumaz, ele tinha uma coluna no jornal do bairro, Dalmir era brilhante escrevendo sua coluna, batendo firme nos políticos oportunistas, mostrando as mazelas do Rio do país e as favelas da vida, desprovidas de beleza, recanto da pobreza em que viviam seus moradores, orgulhosos por viverem no morro, ali pertinho do céu. As favelas da vida, de barracos desbotados, sem pintura, pendurados no morro prestes a despencar caindo no asfalto. Diga-se barracos pedindo socorro as autoridades indiferentes aos problemas das favelas da vida. Crianças corriam com alegria pelas vielas da favela soltando pipa, muito deles ficavam enroscados nos fios com tantos gatos. Era o risco, perigo para as crianças, o perigo maior era ver as crianças correndo pelas vielas levando aviãozinho para os caras da grana, coisas do Rio, coisas do Brasil. Crianças deveriam frequentar a Escola, estudar, se educar para terem um bom futuro. João Pacheco, primo do Dalmir Salatiel da Silva, não teve a sorte do primo, se defendia como camelo vendendo muambas, de CDs piratas, roupas de marcas, grifes de luxo, naturalmente produtos piratas, cigarros do Paraguai e outras coisas mais. Camelo muambeiro atento, sempre de ouvidos em pé, a todo momento o grito de olha o rapa. Naturalmente por trás tinha os fiscais corruptos que pegavam propina para fazer vistas grossas, deixando os camelos trabalhar para ganhar o pão. Os moradores da favela lamentavam, a felicidade nunca subiu ao morro. Confortava aquele povo o cair da noite, as famílias faziam prece da Ave Maria, depois tinha o samba de roda pegando firme.
Crônica de: José Maria Lopes Silva.
Histórias do morro carioca e as mazelas do Rio e do País
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