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Procissão dos Excluidos.



             Procissão dos Excluídos.
 
É um novo tempo, ninguém precisa carregar as dores do mundo nos ombros, mas por certo, João Pedro era um daqueles que provocava comentários: este cara é um daqueles que deus fechou as portas, e virou as costas para ele. João Pedro tornara-se vítima da paixão avassaladora, indomável, que o fez perder o rumo de vida. João Pedro era mais uma vítima do destino cruel, e da vida tirana. Não se sabe bem as razões que o levou a perambular pelas ruas feito andarilho. João Pedro começou a beber com colegas de copo, ele andava de bar em bar enchendo a cara para afastar as mágoas, a tristeza e a saudade dos bons tempos. João Pedro abandonou o emprego, o lar e a família para perambular pelas ruas da cidade. Para ele a vida já não valia mais nada, o amor da mulher amada era sua vida e o seu mundo. João Pedro bebia e delirava feito louco, dormia pelas calçadas enrolado no cobertor, ele virou morador de rua. João Pedro bebia de tristeza, a vida o açoitava no duro castigo, a mulher amada o traio com o seu melhor amigo. Ele bebia e delirava feito louco, dormindo pelas calçadas, era um sujeito sofredor, virou morador de rua, suportando o duro castigo do açoite da vida tirana, e madrasta. João Pedro curtido pela dor, completamente louco, achava graça em tudo, até mesmo desfilando na procissão dos excluídos. Lamentava o seu destino, ninguém para lhe estender a mão, ele conheceu na carne o mundo cão, a falta de solidariedade e o mundo do desamor. Pobre João Pedro, nesses dias gélidos de frio intenso, o infeliz foi encontrado morto, jogaram fogo em suas vestes, em baixo do viaduto da felicidade, trágico e irónico, a morte de um infeliz, a banalização da vida humana, no mundo do desamor.
 
Crônica de: José Maria Lopes Silva

   

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