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O Cotidiano de Um Nordestino.



           O Cotidiano de Um Nordestino.
 
A vida do pobre não é nada fácil, é pauleira, uma  dureza danada, diz o ditado que o pobre vive de teimoso, sei não. João Severino Ferreira, nordestino de sangue quente, pavio curto, é daqueles que não leva desaforo pra casa de jeito nenhum, por sorte a companheira vive escondendo a peixeira de João Severino, cabra doido de pedra. Severino trabalha em obra, pega no pesado é servente de pedreiro, muito trabalho, salário pouco. Dizem que o pouco com deus é muito, sei não, Severino, mulher e quatro barrigudinhos pra criar, não é nada fácil, tem que fazer malabarismo na corda bamba, e andar no fio da navalha, sorte que a companheira recebe o bolsa família. O caboclo Severino sai de casa de madrugada, na mochila a marmita, arroz, feijão, um ovo frito e torresmo a milanesa. Severino sempre apressado, a condução sempre atrasada, um verdadeiro inferno. Todo dia é sempre igual, pega três conduções para ir ao trabalho, e três para voltar.  O trabalho fica no outro extremo da cidade, vida dura, vai e volta exprimido, como sardinha em lata. Severino, nordestino sempre que possível vai ao futebol ver o time do coração, feliz da vida foi ao Itaquerão, a tal arena bolsa estádio, presente do governo federal, com o dinheiro do povo. Severino caboclo doente, fanático pelo timão saiu de cabeça inchada, o seu time tomou uma trombada daquelas, deu o Figueirense, o Figueira brava, o placar apontava 0x1 derrota do timão, para a felicidade dos torcedores rivais. O bando de loucos por te Corinthians saiu quebrando tudo que via pela frente, completamente alucinados, xingando os jogadores maricas, o time dos gambás eram verdadeiras garças esvoaçantes  em campo, muito rebolado e nada de futebol, quando não funciona o apito amigo o timão leva ferro. O dia seguinte segue a rotina, o cotidiano corrido, a dureza, não é fácil a vida do pobre, diz o ditado que o pobre vive de teimoso.
 
Crônica de: José Maria Lopes Silva
Especialmente para o amigo Dede Marques Diamante, o nosso Táta do Scala Veteranos, igualmente doente e fanático pelo timão como João Severino, nordestino de sangue quente.

Um comentário:

  1. Boa Zé!!! Gostei muito da sua cronica sempre bem elaborada e divertida, ainda bem que não fui ao "itaquerão" na sua inauguração e não presenciei a única derrota do Timão em sua arena...
    O bom foi que depois desse fato trágico, o Todo Poderoso nunca mais perdeu em seu estádio, quem provou do gosto amargo do feu não gostou, porque bem diz os loucos e doentes: #Caiu em Itaquera já era... kkkkkkkk

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