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Caboclo Baianeiro; Meio Baiano e Meio Mineiro



         Caboclo Baianeiro; Meio Baiano e Meio Mineiro
 
Vitorino Vitório caboclo alto e forte, nascido e criado na divisa de Bahia e Minas, precisamente na cidade de Carinhanha, já os dois irmãos por parte de pai; Severiano era natural da cidade de Potinaguá, e Remildo natural da cidade de Urandi- Ba, todos baianeiros; meio baiano e meio mineiro. O caboclo Vitorino era de paz, sujeito pacato, fazia amizades com facilidade, enquanto seus dois irmãos por parte de pai gostavam bem de uma encrenca, brigar era lá com os valentões, até que o irmão mais velho, Severiano foi morto numa dessas brigas de botequim, todos de cara cheia. O irmão Remildo sentia-se culpado pela morte do irmão, num conflito generalizado, desgostoso da vida se entregou ao vício da bebida, vivia perambulando pelas ruas. Vitorino Vitório, sujeito pacato deixou a sua cidade rumando para São Paulo, sem conhecer coisa alguma da nova cidade foi morar no Jardim Miriam, zona sul, divisa com a cidade de Diadema, que faz parte do ABC. Vitorino caboclo pacato, sujeito do bem, aqui trabalhava de pedreiro, era meia colher, que se diz: meia boca, ele ia se defendendo, e aos poucos foi prosperando, comprando terrenos e construindo, passou a viver dos alugueis dos seus imóveis no Jardim Miriam. Vitorino, era exemplo de luta, do trabalho pesado, caboclo simples, não sabia ler e nem escrever, muito mal  assinava o seu nome, Vitorino Vitório de Oliveira Silva. O tempo passou como passa o vento, já um tanto cansado Vitorino Vitório resolveu procurar um lugar de maior sossego para morar com sua companheira. No ano de 1970 Vitorino estava de mudança para o Cipó Guaçu, bairro pertencente ao Município de Embu Guaçu. Cipó bairro pobre, um vilarejo com ruas de terra batida, um comércio precário, faltando de um a tudo, por vezes o caboclo Vitorino se revoltava, já com umas na cabeça reclamava: - Aqui é terra de corno, falta de um a tudo, mas ele gostava do Cipó, embora morresse de medo de cobra, que ele chamava de bicho cumprido. O bairro do Cipó era bonito, com a bela represa, a cachoeira era a grande atração para os turistas e seus moradores, o trem cortava o bairro ao meio, tinha a estaçãozinha graciosa de nome Mario Souto, homenagem ao engenheiro da via férrea. Na praça do Cipó a paróquia São Sebastião o padroeiro do lugar, o coreto poético, o ponto de taxi, o clube do Floresta, os festivais, os bailes, bons tempos. O tempo passou, os dias de chuvas torrenciais destruiu completamente a bela represa do Cipó. O ano marcava 1974, a música de grande sucesso era tristeza pé no chão, com  a inesquecível guerreira Clara Nunes, que contagiava o povo brasileiro. Vitorino Vitório, depois da morte da companheira, ele se desmotivou completamente de viver, foi definhando até a morte, fim do caboclo baianeiro que deu certo em São Paulo.
 
Crônica de: José Maria Lopes Silva

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