Joãozinho Boca de Ouro.
Joãozinho boca de ouro, era o apelido do mineirinho, que contava para todo mundo, quando crescesse iria colocar dois dentes de ouro, ele seria rico. Joãozinho filho das Minas Gerais, natural de Porteirinha lá foi nascido e criado, ajudava seus pais na lavoura não tinha tempo de frequentar a escola. Naquele tempo era natural ver crianças fora da escola para ajudar os pais na roça. O tempo passou, Joãozinho já era rapaz, foi correr atrás dos seus sonhos, deixando para trás pai, mãe e sete irmãos que também ajudavam na roça, jamais foram a escola, Joãozinho estava de viagem para São Paulo, a grande Metrópoles, viajando de trem, passagem de terceira classe, naturalmente. Em Porteirinha corria boatos que em São Paulo o caboclo com pouco de sorte achava dinheiro nas ruas, em São Paulo se ganhava dinheiro fácil, Joãozinho endoidou de vez, deixou sua terra natal para trás, São Paulo era a terra do dinheiro, deus iria ajudar para ele se dar bem na nova terra. Mal sabia o mineiro do frio danado, e da garoa fria renitente congelando os ossos, era o preço a pagar na grande Metrópoles. A garoa fria renitente, o frio gélido fazia o matuto bater os dentes de frio, e tremer feito vara de marmelo ao sabor do vento. Joãozinho matuto, capiau com três meses de São Paulo já estava arrependido de sua aventura, do sonho maluco, voltar atrás com uma mão na frente e outra atrás, seria uma vergonha das maiores, ele pensava lutando contra si mesmo. São Paulo não era bem o que contaram para ele, trabalho que era bom, não apareceu para ele, vivia de pequenos bicos, aqui e acolá. Joãozinho pedreiro meia boca, meia colher, era complicado, além de ser analfabeto, ele tinha vergonha de não saber ler e escrever, no mínimo o seu nome, João da Silva, Joãozinho boca de ouro. O pobre não teve oportunidade dos estudos, a roça era o ganha pão da família, ele jamais foi a escola. Finalmente Joãozinho realizou um dos seus sonhos, colocar dois dentes de ouro, como bom mineiro. O matuto, capiau vivia pra cima e pra baixo sorrindo pra todo mundo exibindo os dentes de ouro, os colegas riam do coitado boca de ouro, o boca rica. Joãozinho boca de ouro, sujeito simples, humilde ao extremo, fala simples do povo da roça, o seu jeito de falar era esquisito, nem todos o compreendiam, e para complicar o mineiro saia com umas frases estranhas, isso não infroi nem diminoi. Joãozinho pedreiro boca de ouro, tá certo que ele não sabia falar direito, mas tinha orgulho do seus dentes de ouro, sua maior riqueza.
Crônica de: José Maria Lopes Silva
História verídica do Joãozinho boca de ouro, pedreiro meia boca, meia colher.
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