Meninos da Ladeira da Preguiça.

          Meninos da Ladeira da Preguiça.

Meninos da ladeira da preguiça eram os chamados pestinhas, infernizava direto os moradores da ladeira, subir aquela ladeira era um calvário, realmente dava preguiça em muita gente subir a ladeira. Diferente dos meninos da ladeira, que viviam pra cima e pra baixo com seus skates, meninos skatistas do hoje e do amanhã. Em tempos passados as crianças infernizavam com os carrinhos de rolimãs pra cima e pra baixo, bons tempos do lúdico educativo tão presente. Para os moradores da ladeira era um inferno a presença daquelas crianças fazendo um barulho infernal com tanta gritaria, e os skates pra cima e pra baixo. Moradores da ladeira não intendia que aqueles pestinhas eram apenas crianças brincando com seus skates. Meninos da ladeira da preguiça eram como irmãos, ninguém era chamado pelo nome, era só pelo apelido, Preá, Caolho, Caniço, Caroço, meninos travessos da ladeira com seus skates infernais, manobras radicais, a gritaria maluca dos pestinhas. Meninos da ladeira da preguiça aprontavam tudo que tinham direito, como gente grande. Eles se aventuravam fazendo malabares nos faróis das esquinas da vida para ganhar uns trocados. Meninos da ladeira da preguiça gostavam de tomar banho de rio, saia a tropa toda para dar uns mergulhos. Por algumas vezes saíram correndo apavorados feito malucos, achando que viram sombração, alma penada. Ver vezes eles viam uma mulher nadando no rio com um canto bonito querendo enfeitiça-los, era Yara mãe d'água que continuava com suas aparições fantasmagóricas. Pessoas mais velhas falavam da mãe d'água, para os meninos da ladeira da preguiça tudo não passava de folclore, conversa de pessoas antigas, algumas chegavam a jurar pelos olhos que a terra há de comer, que a mãe d'água existe verdadeiramente. Eles tinham medo da aparição, mas não tinham vergonha, até chegar o dia fatídico, os meninos Caolho e Caniço morreram afogados, causando tristeza nos moradores da ladeira da preguiça. Dizem os mais antigos que Yara mãe d'água levou os meninos para o seu reino.

 

Crônica de: José Maria Lopes Silva

Uma história de ficção do autor,  semelhante as histórias que o povo conta.