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Gente Humilde.



             Gente Humilde.
 
A favela Deus nos acuda não difere muito de outras favelas, que igualmente vivem ao abandono, onde seus moradores vivem entregues a própria sorte. As favelas desprovidas de beleza não passa de reduto da pobreza, com seus barracos descoloridos, desbotados, e caindo aos pedaços, por falta de recursos dos seus moradores. Por ironia do destino, os barracos traziam na faixada que era um lar, escrito em letras garrafais, tal qual a canção do poeta Chico Buarque, Gente humilde. Enquanto crianças brincavam descalças nas águas podres, fétidas, maus cheirosas, estagnadas  do esgoto a céu aberto, perigo eminente para as crianças que corriam risco de contaminação. Criança só pensa em brincar e nada mais, da vida elas não sabem nada, naturalmente não se davam conta dos perigos eminentes a sua volta. Josefa Benedita moradora antiga da favela Deus nos acuda lamentava o abandono em que vivia a favela e seu povo, com toda razão, visto os seus oitenta e nove anos de idade, ela já tinha visto tantas coisas neste mundo de deus. Josefa Benedita nasceu e foi criada na favela Deus nos acuda, ela era uma negra catadora de papel, trabalhando desde menina ajudando seus pais a ganhar o pão de cada dia com muito sacrifício e fé em deus. Dona Josefa Benedita jamais acreditou em político algum, com ela eles não tinham o menor crédito. Era muito engraçado ver políticos oportunistas correr a favela a caça de votos, com muitas promessas, naturalmente nunca seria cumpridas. Políticos caras de pau, e desavisados saiam correndo da favela quando os moradores cantavam se gritar pega ladrão não fica um meu irmão, se gritar pega ladrão, não fica um. Era desse jeito que o povo botava os malandros pra correr da favela. Toda regra tem uma exceção, mas, no caso de políticos não dá pra confiar nessa gente. Dona Josefa Benedita tinha uma grande tristeza, jamais viu a felicidade passar perto da favela Deus nos acuda, nunca ela viu a felicidade correr pelas vielas da favela com as crianças que empinavam pipas, que brincavam de choque entre polícia e bandidos, crianças corriam pelas vielas entregando aviãozinho para os bacanas montados na grana, gente que subia o morro desesperada atrás do bagulho.
 
Crônica de: José Maria Lopes Silva.

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